13 janeiro, 2011

Exigencias

Somos sempre demasiado exigentes, sentimo-nos sempre demasiado evidentes. Procuramos pessoas com ideias das mesmas cores, com os mesmos sorrisos e os mesmo choros. Tememos aqueles que são mais fortes que nós, ignoramos aqueles que nos parecem menores. Rodeamo-nos de gente que não queremos ver. "Olá, tudo bem, como estás, o que tens feito?", ao passar uma esquina e uma pessoa esquecida. Falha-nos o nome, está na ponta da língua, mas de repente somos quase amigos. Trocamos olhares idiotas, vazios de sentido, e depois seguimos caminho.

Somos pessoas mas apoiamo-nos em objectos. Depositamos neles as nossas recordações, os sonhos falhados, os fracassos superados. Uma pessoa vale pelo que tem mais pelo que é: ou o 20 a português, ou a namorada bonita, ou o cliché do bom carro e das calças Pepe Jeans. Falta-nos a música do antigamente, as viagens de pé descalço, o bichinho da revolta. Falta-nos a coragem para pensar, falta-nos a vontade de viver no auge, falta-nos a falta de medo de falhar.

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