24 julho, 2009

Homem T

A Avenida dos Aliados, no Porto, está agora povoada por uma nova e original exposição. Povoada é exactamente o verbo a usar neste caso, já que a exposição se trata, nem mais nem menos, de uma série de figuras que representam o Homem T, um trocadilho entre Espaço T, promotor do evento, e homem Total, que seria aquilo que cada artista deveria representar.

O Homem T pode, assim, ser o equilibrio, pode ser apenas uma sombra, pode ser feito de sonhos, pode ser a justiça, ou a cegueira - a epidemia do século XXI, pode ser a (in)justiça, pode ser a diferença, pode ser natural ou precisar de uma mãozinha. Cabe-nos a nós decidir qual melhor diz connosco.

Escusado será dizer que acho maravilhoso levar a arte para a rua, onde possa enfeitar os espaços e permitir que qualquer um pare, por cinco minutos, para apreciar aquele pedacinho que com certeza mudará o seu dia. Como é delicioso passar pela Avenida e vê-la tão cheia de "gente", tão cheia de cores e de alegria!


20 julho, 2009


Composição de Design sobre Álvaro de Campos, feita em conjunto com a Catarina Mesquita.

14 julho, 2009

Erros ortográficos

Este é o tipo de coisas que me deixa os cabelos em pé. Dizem-no os meus amigos, sempre que me queixo das mensagens, diz a professora de educação física do ano passado, a quem risquei o enunciado do teste, e dirão agora estes senhores, de quem recebi este e-mail:

Recebes-te este email porque estás registado num jogo da Gameforge (OGame, Galdiatus ou outro) e com os T&C aceitas-te receber emails.

Custa muito perceber que recebeste e recebes-te se lê de maneira diferente?! Opa, se custa, então troquem a palavra... Chupamos e chupa-mos não é igual pois não? Pois.

13 julho, 2009

Brinka


Hoje fui à Brinka e deparei-me com este boneco de peluche. --->
Ora a faixa etária a que os peluches são dirigidos são crianças pequenas e bebés, e parece-me simplesmente errado e abusivo este tipo de manobra publicitária que influencia as criancinhas a beber coca-cola num futuro próximo. Mais, se ainda fossem bonecos baratos, ou gratuitos ainda faria algum (pequeno) sentido, mas assim é completamente descabido. Quem é que vai pagar para fazer publicidade e influenciar os filhos?
Ridículo.

Já não digo o mesmo quanto a uns livros da Disney que encontrei lá chamados 'A minha versão da história'. Basicamente eram livros sobre as histórias que todos conhecemos mas contados por personagens da história. O que eu vi era a Bela Adormecida, contada pela bruxa má. Pelo que li, ela pretende desmentir algumas acusações que lhe fizeram. Como ela diz, não entrou palácio numa nuvem negra, mas sim pelos portões, onde os guardas estavam a dormir uma soneca. Assim como não foi nada antipática com o príncipe. Até o mandou para a "masmorra", que é como ela simpaticamente chama à sala de esperas da sua empresa E.V.I.L. (não me lembro do significado da sigla, mas começava com Envenenamentos...), com sucrussais em todo o mundo!
Espetacular.

08 julho, 2009

O meu avô

“Como vai o mundo?”. É esta a frase que associo ao meu avô. Dizia-a sempre com muita alegria, abrindo muito os olhinhos redondos, escondidos por entre a pele encorrilhada, e fazendo um sorriso maroto que lhe arrebitava a pontinha dos bigodes.

Deveria ter sete ou oito anos, quando lha ouvi pela primeira vez. Logo que saia da escola ia para sua casa, e passava as minhas tardes a brincar no quintal. Nessa altura, gostava de me empoleirar numa árvore, para espreitar a vida fora daqueles muros. “Como vai o mundo, Isabel?”, começou a dizer sempre que me encontrava a fazê-lo, tornando-a numa doce reprimenda que me deixava embaraçada.

Logo deixei de espreitar os vizinhos, mas a minha curiosidade para com o mundo não diminuiu, antes cresceu, fazendo com que eu, aos doze anos, decidisse que queria ser jornalista. Logo se montou um jornal em casa dos meus avós. Ironicamente, demos-lhe o nome de “Jornal do Quintal”, e ali comecei a escrever sobre os gatos que vinham roubar fruta, o óvni que vira a rondar o quintal na tarde anterior, ou qualquer outra invenção que me parecesse interessante. “Então, como vai o mundo?”, perguntava sempre que me via a correr com o pedacito de papel debaixo do braço, ainda escrito à mão.

Poucos anos depois o meu avô ganhou cataratas. Começou a cansar-lhe ler as letras pequenas dos jornais diários, e eu oferecia-me sempre para lhos ler. Sentávamo-nos então no quintal, e ele pedia “Ora diz-me lá como anda esse mundo…”.

Não tardou a que me tornasse adulta, não deixando, no entanto, de o visitar todos os dias, nem que fosse para lhe dar um beijinho. O “Jornal do Quintal” há muito que fora esquecido, e eu trabalhava agora com um jornal de verdade. Sempre que passava a porta de entrada, o meu avô cumprimentava “Como está hoje o mundo, Isabel?”, querendo com isto perguntar como me correra o dia no trabalho.

Hoje o meu avô já não se encontra entre nós. No entanto continuo a ouvi-lo perguntar pelo mundo, curioso com o que se tem passado cá por baixo nos últimos tempos.

05 julho, 2009

Vida sobre rodas


As pernas já me tremiam, sentindo aquela ansiedade eminente a que nós gostamos chamar de "pica". O peso dos exames, do tempo que passara, a saudade dos que ficaram, tudo me chamava para aquele momento único, em que eu e o ar nos tornamos num só, dançando indefinidamente ao sabor do vento.

O dia estava solarengo. Quente a mais na realidade, não fosse o escaldão nas bochechas que me ficou como marca de mérito pela presença. Os outros voavam sobre as armações de ferro à nossa frente, desafiando a gravidade com um sorriso perverso no rosto. Por vezes, ela ria-se de volta atirando-os com toda a fúria sobre o asfalto. Voltar ao ponto em que ficara não foi fácil, mas meia dúzia de saltos e uma queda foi o que bastou para incentivar o corpo e deliciar o espírito.

E agora? A parte mais empolgante de um fim-de-semana de skate: um dia de lamentações e de não-me-apetece-sair-da-cama, em que mexer uma articulação que seja equivale a um esforço sobre humano. Dói-me tudo. Desde o osso periquerotional, no dedo mindinho do pé, ao osso cultoteral, na cabeça. Mas são ossos do ofício, e o meu é parti-los! Para além do mais, algum preço tínhamos de pagar por levar a vida sobre rodas...

03 julho, 2009

O Rapaz do Pijama às Riscas


Esta é mais uma história sobre a II Guerra Mundial. Mais uma história sobre a Alemanha e o holocausto. Mais uma história sobre os meninos que aí viveram. No entanto, esta história é diferente. Diferente, porque é apresentada na perspectiva do Bruno, um menino nazi que não compreende aquilo que se está a passar. Ao longo das páginas, este menino vai-nos deliciando e apaixonando, à medida que vamos vendo as coisas sob o seu inocente olhar.

A história começa quando a família de Bruno vai viver para um campo de concentração de que o pai está a tomar conta. Bruno passa os primeiros tempos sozinho, até que conhece um menino que vive do outro lado da vedação, que, tal como todos os que lá vivem, é muito magro, usa o cabelo rapado e um pijama às riscas. No auge da sua inocência, Bruno acaba por invejar o seu novo amigo, já que também ele gostava de poder andar de pijama todo o dia e ter mais meninos com quem brincar.

Não se pense, no entanto, que a inocência de Bruno retira a importância e a brutalidade característicos desta época. Pelo contrário, apenas a acentua, pois acaba por criar um forte contraste de sentimentos que tornam a história triste e arrebatadora.