21 setembro, 2011

Minuit a Paris

Paris é considerada a cidade mais romântica do mundo. Sempre discordei deste pensamento até visitar a cidade. Há tantos espaços no mundo, cheios de encantos inexplicáveis, que fariam saltar o coração de qualquer casal que por lá se passeasse. Roma, que nos leva para trás, de volta a um tempo em que se usava lençois brancos à volta da cintura, que a perfeição, essa via-se ao longe, esculpida na pedra. Praga, cidade de fábulas e contos de fada, onde tudo parece real e possível. Até mesmo a Londres pacata das casinhas com jardim, onde se imagina logo um casal a envelhecer de mão dada junto à lareira. 

Mas então vi Paris. A Paris das ruas estreitas, semi-esquecidas, trocadas pelas grandes avenidas que tomam os turistas, as ciganas surdas-mudas, os cantores de rua e os vendedores ambulantes. A Paris dos croissants a cada esquina, das banquinhas de livros e postais de outra época que se estendem à beira rio. A Paris medieval da Notre-Dame, das histórias enterradas. A Paris da cultura, da boémia, da alegria do carácter bem definido, dos bigodes compridos, das boinas na cabeça e baguetes debaixo do braço. 

Sim, Paris é a cidade mais romântica do mundo. Não porque albergue nela a receita secreta dos casais felizes, que esses, se tiverem de o ser, são-no, romanticamente, em qualquer canto do mundo. Paris é aquela mulher enigmática que se deixa gostar facilmente mas parece impossível de conquistar. Faz connosco um jogo de sedução constante, um olhar simultâneo de desafio e repulsa, um sorriso de dúbia confiança e palavras doces cheias de malícia. 

Paris é a cidade mais romântica do mundo, sim, mas porque é impossível por lá passarmos sem nos apaixonarmos cegamente por ela.  

Por tudo isto, obrigada Woody Allen, por me fazeres reviver Paris.

13 setembro, 2011

Hippie Chique

Recebi um email publicitário, daqueles que não sabemos muito bem de onde vieram, visto que nunca fornecemos o nosso email àquela empresa. Este em específico era de uma marca de roupa, e anunciava, em letras bem grandes, as novidades, "Acessórios de hippie chique".

É uma situação que me fez rir, rir muito, e bem alto. Hippie e chique são coisas que não combinam. O hippie é um ser que usa calças gastas, que encontrou no sótão ou comprou numa loja de segunda mão, porque era mais barato. Usa vestidos ou camisas largas, para poder andar à vontade, sentar-se no chão, apanhar os legumes que plantam na horta. Anda de pés descalços, para sentir a terra, ligar-se à natureza. Colares, pulseiras, cintos e acessórios, são normalmente coisas feitas à mão, por ele próprio, amigos e conhecidos, ou tão somente uma das feiras de artesanato que frequenta.

A partir do momento que uma coisa é chique, que não obedece à lógica do prático e confortável, e que tem como fundo servir as aparências e é fabricado de modo massivo e industrial, deixa de ser hippie. Hippie chique, não existe, tenho muita pena.

06 setembro, 2011

Quem disse que Deus não existe?

É omnipresente. Omnisciente. Omnipotente.
Só não criou o Homem. Pelo contrário, foi o Homem que o criou a ele - ele? Ela!
Deus é a Web.