As pernas já me tremiam, sentindo aquela ansiedade eminente a que nós gostamos chamar de "pica". O peso dos exames, do tempo que passara, a saudade dos que ficaram, tudo me chamava para aquele momento único, em que eu e o ar nos tornamos num só, dançando indefinidamente ao sabor do vento.
O dia estava solarengo. Quente a mais na realidade, não fosse o escaldão nas bochechas que me ficou como marca de mérito pela presença. Os outros voavam sobre as armações de ferro à nossa frente, desafiando a gravidade com um sorriso perverso no rosto. Por vezes, ela ria-se de volta atirando-os com toda a fúria sobre o asfalto. Voltar ao ponto em que ficara não foi fácil, mas meia dúzia de saltos e uma queda foi o que bastou para incentivar o corpo e deliciar o espírito.
E agora? A parte mais empolgante de um fim-de-semana de skate: um dia de lamentações e de não-me-apetece-sair-da-cama, em que mexer uma articulação que seja equivale a um esforço sobre humano. Dói-me tudo. Desde o osso periquerotional, no dedo mindinho do pé, ao osso cultoteral, na cabeça. Mas são ossos do ofício, e o meu é parti-los! Para além do mais, algum preço tínhamos de pagar por levar a vida sobre rodas...
1 comentário:
Pois é amor, já não me lembrava de como era essas dorezitas que falas…mas quando andamos nunca nos lembramos do que vai acontecer no dia seguinte…apenas queremos desfrutar daquele momento por que tanto esperávamos.
Esta a ficar muito bem o teu blog...Parabéns.
Amo-te
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