23 maio, 2009

Lua Nova

Foi nesse último suspiro de raiva e desilusão que percebi. A lua já ia alta no céu, e soprava um vento frio, arrepiante. Contudo, nada senti, sufocada pela fúria e angústia do momento.Imaginei-me a saltar-te em cima, em cenários de tortura macabra que jamais terei coragem de revelar. Imaginei que se materializavam na minha boca todas as palavras soltas na minha mente, ansiando por te apunhalar. Imaginei. Forcei. Mas nada saiu. Fiquei ali, simplesmente, coberta por um manto de fragilidades, tendo em mim uma única certeza. Acabara de perder um amigo.

Todas as conversas, todas as brincadeiras, todos os risos e invenções que experimentáramos se esvaíam. Transformadas em líquido, corriam furiosamente pelas minhas faces, queimando como se de ácido se tratasse, deixando atrás de si os sulcos de um passado que, sabia agora, jamais se repetiria. Todo o respeito, e consideração que ainda tinha por ti, todos os pequenos pormenores positivos que ainda restavam, toda a possibilidade de uma separação amigável, em que a amizade perdida seria mais tarde recordada com carinho, foram de repente sugados, como uma nuvem que passa e tapa a luz da lua.

Mas para nós, seria sempre lua nova.


3 comentários:

Rui Bastos disse...

Sabes, assustei-me. Quando vi 'Lua Nova', pensei que fosses falar daquele monte de papel com letras que é a sequela do Crepúsculo. Mas felizmente é algo muito mais interessante que isso xD

Beky disse...

pois, eu lembrei-me disso quando estava a dar um titulo ao texto... mas depois achei que lua nova era ideal, e deixei ficar..

Rocio disse...

São palavras muito interessantes, a verdade é que eu não posso acreditar que eu nunca pensei sobre essas coisas, eu acho que em algum momento eu vou ter que ler mais tranquila agora eu estou no carro com os meus oculos de sol