01 setembro, 2009

O jogo da vida

Perder ou ganhar. É esse o resultado de qualquer jogo que existe, seja ele o pedra papel tesoura, o monopólio ou o Euromilhões. A vida, como jogo constante que é, não é excepção. Uma vez ganhamos, outras perdemos. Estranha é a forma como tudo isto se processa, numa encruzilhada de voltas e reviravoltas dificeis de compreender.

Ao contrário de uma partida de poker em que todas as cartas estão na nossa mão, o destino guarda trunfos escondidos que não prevemos e que alteram completamente o nosso passado, presente e futuro. Passado, pois muitas vezes nos leva a encarar uma recordação de maneira diferente. Futuro, ao dar-nos novas cartas para a próxima jogada.

O problema é que na vida não há regras. Cada qual define os seus objectivos, os seus obstáculos e limitações; joga as suas cartas ou lança os seus dados à sua própria maneira. O entendimento é assim impossível neste campo - a resposta não responde à pergunta e a pergunta nunca esperou qualquer resposta. É por isso que nos impomos, que criamos regras e leis que partilhamos entre nós, na esperança de criar um cinto de segurança contra o destino. Mas de que nos adianta um cinto de segurança quando o nosso carro está prestes a ser engolido por um furacão?

Há no entanto certas pessoas que estão em sintonia. São essas as pessoas que procuramos durante toda a nossa vida, as ditas almas gémeas que raramente nos aparecem. E a bolinha continua a rolar sobre o tabuleiro vermelho e preto, à espera de calhar na casa certa. Será justo esperarmos sempre que essa seja a nossa casa? Será certo que hajam sempre vencedores e vencidos? A verdade é que a justiça do mundo é muito simples: quando nos dá uma coisa, tira-nos outra, para dar a outra pessoa.

Foi isso que se passou comigo. Vivi uma época de sorte, em que o meu jogo corria sempre bem e o que ganhava compensava sempre o que perdia. Mas chega sempre o dia em que o vencedor cai do pódio. Um passo do destino que mudou toda a minha vida. Recuperei quinze anos em quatro dias. Perdi quatro anos numa semana.

Perdi. Ganhei. No fundo sou apenas mais uma vítima dessa grande sala com sofás vermelhos e mesas forradas com pano verde, onde as fichas de jogo são os nossos sentimentos e atitudes, e onde as apostas não param, fça calor ou faça frio, seja noite ou seja dia. Sou apenas uma vítima da vida.



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