01 junho, 2010

O Estrangeiro, Albert Camus



Este é um livro obrigatório da literatura francesa, e depois de ler as primeiras páginas percebemos bem porquê. A história começa quando Meursault recebe um telegrama a informar da morte da sua mãe, que o leva a deslocar-se ao lar onde ela vivia. A questão é que nunca, por um segundo que seja, ele emite uma emoção em torno do acontecimento, sendo que os seus pensamentos se centram, sobretudo, no tempo, no cansaço que sente, e no facto de achar que o seu patrão ficou aborrecido por faltar ao trabalho.

Durante o resto do livro, ele vai sendo colocado em situações semelhantes, em que olha única e exclusivamente para o lado racional da questão. O próprio facto de conhecermos, de Meursault apenas o seu último nome, enquanto que todas as restantes personagens são tratadas pelo nome próprio ou reconhecidas por atributos físicos, faz-nos sentir uma certa distância e frieza da parte dele.

Assim, damo-nos conta do desenrolar de uma história que acontece devido à falta de sentimentos por parte de uma personagem, que é, portanto, um estrangeiro numa sociedade que o julga constantemente à custa disso.

De certa forma fez-me lembrar um pouco Kafka, tanto na caracterização da personagem principal como no próprio enredo, que aludem ao ridículo e ao absurdo, não de Meursault, mas da própria sociedade. Com a diferença que Albert Camus criou um enredo menos metafórico e bem mais plausível, portanto.

É de destacar a cena final, em que a personagem faz um discurso filosófico e introspectivo que nos faz questionar, a nós próprios, se não será ele quem tem razão, e, como todas as grandes obras, questionar um pouco o mundo em que vivemos.

Sem comentários: