Os seus olhares tocam-se, percorrem-se desenfreadamente, tentando matar essa sede de vivências partilhadas, tentando combater a persistência do incógnito e o desconhecido. Sorriem. Palavras formam-se nas suas mentes, enrolam-se nas suas línguas e voltam para trás, em forma de silêncio. Escutam-nas, no entanto; partilham-nas. E só os seus olhos respondem, percorrendo esse mar de possibilidades e impossibilidades que se apresentam; tocando-se, uma e outra vez, criando palavras nunca ouvidas, gritando emoções nunca sentidas. Ignoram o mundo à sua volta. Não ouvem o apito do comboio prestes a partir, na estação, uma mãe chorosa a despedir-se do seu filho, a buzina de um carro chamando a atenção a um grupo de raparigas, um piscar de olho atrevido, risinhos envergonhados. Tudo isso está longe, bem longe, algures onde o espaço e o tempo ainda existam, ainda faça sentido. Ele aproxima-se. Os lábios dela abrem-se ligeiramente, e um “olá” atrapalhado sai cá para fora, aos tropeções, matando o silêncio.
Para o Mafi-Mafi.
2 comentários:
Está lindo (':
Daquelas coisas em que não mudava uma única palavra.
eu mudava ! Mafi Mafi é mt abixanado ! LOL
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